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Flora da Mata Atlântica: 7 espécies que você precisa conhecer!

Você já parou para pensar o quão incrível é a Flora da Mata Atlântica?

Sempre que estamos em contato com a natureza, temos um sentimento de gratidão por aquele momento, mas, não seria ainda melhor se entendêssemos e conhecêssemos algumas espécies da flora e tipos de vida que habitam a mata ao nosso redor?

Assim, conseguimos ainda mais compreender a importância de cada espécie ali presente não só pela perspectiva ecológica, mas também cultural, afinal, diversas espécies tiveram grande importância no desenvolvimento de comunidades e na civilização que hoje conhecemos.

Portanto, vamos te mostrar 6 espécies incríveis da maravilhosa Mata Atlântica que você pode encontrar durante as suas saídas e nem imaginava, além de particularidades dos tipos de vida que habitam esse bioma!

Fique com a gente até o final e temos certeza que você irá aumentar muito seu entendimento a respeito da natureza!

O QUE É A MATA ATLÂNTICA?

Citada entre as 25 áreas de tensão do mundo, atualmente, o Bioma Mata Atlântica abriga uma das maiores diversidades biológicas do planeta, sendo considerado como um dos 34 hotspots mundiais, ou seja, uma área prioritária para a conservação mundial com potencial de investimento (MYERS et al., 2000; MITTERMEIER et al., 2004), destacando-se entre os 11 principais. No entanto, devido às ações antrópicas, segundo a WWF restam na forma de fragmentos florestais em torno de 5% da cobertura original.

A Mata Atlântica se expressa em diferentes tipos fisionômicos de florestas, onde os variados relevos, altitude e diferentes processos ecológicos contribuem para as diferenças dessas fisionomias florestais, onde embora pertencente a Mata Atlântica, cada tipo florestal possui suas características e processos únicos.

São diversos ecossistemas e tipos florestais dentro da Mata Atlântica, cada um com suas características e espécies específicas!

Sendo assim, o que temos hoje como remanescentes da Mata Atlântica, são mosaicos de florestas com distintos estágios sucessionais, alguns mais jovens, outros em fase mais avançada de sucessão ecológica.

A, caso você ainda não saiba, sucessão ecológica são basicamente as mudanças progressivas em um ambiente. Dentro deste conceito, temos as comunidades pioneiras (espécies que primeiramente aparecem no local), após isso as comunidades secundárias (espécies que aparecem após as pioneiras) e por final, as comunidades climax (espécies que juntas, formam uma comunidade estável).

Dessa forma, a sucessão ecológica permite toda essa complexidade ecossistêmica que conhecemos, alterando o ambiente permitindo a inserção de novas espécies no habitat, o que favorece a biodiversidade e desenvolvimento local.

Tendo em vista tudo que foi dito, nós escrevemos um artigo extremamente completo sobre A importância e como Proteger a Mata Atlântica, bem como os benefícios deste maravilhoso bioma!

Garantimos que nele, você também ganhará muito conhecimento sobre a natureza e entenderá mais sobre o poder da Mata Atlântica, com informações que você possivelmente desconhecia.

Conhecendo um pouco deste maravilhoso bioma, agora, sem mais delongas, vamos falar um pouco mais sobre a flora e citar algumas espécies de vida que ali existem, vem com a gente!

Árvores da Mata Atlântica

A Mata Atlântica possui diversas espécies arbóreas, cada uma com a sua particularidade e interesse, tanto ecológico, quanto cultural, como também econômico.

Portanto, conheça agora algumas espécies arbóreas importantíssimas da flora da Mata Atlântica! E vamos começar com a…

Araucária

araucaria

Família: Araucariaceae
Gênero:
Araucaria
Nome científico:
Araucaria angustifolia

Como não se encantar com está árvore que é um dos símbolos da flora da Mata Atlântica e também do estado do Paraná, não é mesmo?

A araucária é uma espécie arbórea que teve sua origem há aproximadamente 200 milhões de anos (sim, se desenvolveu junto com os dinossauros!), sendo detentora de grande importância ecológica e econômica. Podendo atingir até 50 metros de altura e possuindo uma extensa copa característica da espécie que permite o sombreamento da floresta, ela conquista o espaço do dossel (estrato superior da floresta, onde ficam as copas das árvores).

Além de possuir importância na regeneração em áreas degradadas (haja vista que ela atrai aves dispersoras de sementes de outras espécies), a árvore também possui o pinhão, um conhecido fruto que algumas comunidades utilizam de forma sustentável para a sua sobrevivência, haja vista que o mesmo pode ser comercializado após a data de 1º de Abril.

Contudo, segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a araucária encontra-se em estado crítico de ameaça, podendo deixar de existir devido ao intenso desmatamento, o que levou a uma baixa variedade genética na espécie, tornando-a mais frágil às mudanças climáticas. Dessa forma, uma maneira de ajudar é não comercializar o pinhão caso você não necessite, e também não coletar em áreas de conservação ou fora da época ideal, afinal, é ele junto com a semente, que dá origem às enormes e apaixonantes araucárias que conhecemos!

Além disso, algumas tribos indígenas tinham a araucária como espécie importante em suas culturas, bem como a próxima espécie que vamos te falar agora…

Açoita-cavalo

Açoita cavalo
Flor açoita cavalo

Família: Malvaceae
Gênero:
Luehea
Nome científico:
Luehea divaricata

Uma importante árvore para a cultura indígena!

Esta imponente espécie pode atingir até 30 metros de altura, e apesar de ocorrer em outras partes do país, possui um grande papel na história que envolve a Mata Atlântica.

Digo isso, pois, a açoita-cavalo participou das histórias culturais dos povos ancestrais que aqui habitavam, como os guaranis e os Kaingangs, os quais utilizavam propriedades desta árvore durante seus rituais e para fins medicinais.

Para você ter uma ideia, os Kaingangs entendem que esta espécie arbórea (a qual eles também chamam de “ken ta iú”) possui uma madeira extremamente forte com alta durabilidade, sendo consideradas como possuidoras de um poder que as permitem se curar ou até mesmo prevenir doenças.

Assim, a açoita-cavalo é utilizada pelos Kaingangs como remédio devido a capacidade de sentirem este poder, o qual alinhado com a brotação e regeneração rápida da árvore quando cortada, possibilita que o ciclo de restauração nunca se quebre e a cura venha ao paciente.

Além disso, esta bela árvore de flores roxas (às vezes rosas ou brancas), possui um crescimento de velocidade média-lenta, sendo uma planta secundária, ou seja, na sucessão ecológica, ela se desenvolve quando as condições do ambiente já estão melhores e bem estabelecidas, abaixo da sombra de árvores maiores.

É uma árvore com importância na cultura popular e até mesmo econômica, sendo importante além do paisagismo, também para a recuperação ambiental em áreas de vegetação permanente ou encostas íngremes, ou até mesmo importância apícola, sendo feito pelas abelhas um mel medicinal com propriedades expectorantes.

Mas, voltando um pouco aos Kaingangs, também existe outra incrível espécie utilizada por este povo…

Figueira

figueira

Família: Moraceae
Gênero:
Ficus
Nome científico:
Ficus cestrifolia

Embora também habitem várias regiões, as figueiras pertencentes à Mata Atlântica possuem um papel especial

Diversas são as espécies do gênero Ficus, tendo cerca de 15 na Mata Atlântica brasileira.

As espécies arbóreas de grande porte possuem importância religiosa para diversas populações (caiçaras, quilombolas, sitiantes antigos, indígenas, etc), tanto pelo seu simbolismo, quando pela sua importância ecológica.

Até mesmo os povos escravizados vindos da África durante o Brasil Colônia se relacionavam com a figueira, onde a adoração relacionada ao poder divino destas árvores permitiu que mesmo em condições desumanas, parte de suas culturas e crenças fossem preservadas através da fé na natureza.

Incrível, não?

Além do mais, como comentado anteriormente, as tribos Kaingangs também realizavam o uso destas árvores para ornamentar suas flechas (através da seiva) ou como remédio.

Conhecida na cultura como “ken ven fi”, a figueira é concebida como “remédio bravo”, pois ao longo dos anos ela “espreme e abafa outras árvores, tomando o lugar delas”. Portanto, este remédio é utilizado com o objetivo de fortalecimento para uma luta ou situações da vida, absorvendo esse poder dominador da figueira.

Mas, por que “espreme e abafa outras árvores, tomando o lugar delas”?

Isso deve-se ao comportamento de algumas espécies em ambiente natural, onde costumam nascer em cima de outras árvores devido sua forma de dispersão, haja vista que a semente cai em cima de algum galho na floresta e ali a figueira começa a germinar.

Se desenvolvendo, seus ramos sobem pela árvore em que está hospedada e começa a procurar a luz, enquanto isso, suas raízes descem pelo tronco desta árvore até o solo. Dessa forma, a figueira vai envolvendo a outra espécie até que a mesma morra sufocada.

Contudo, essa árvore que foi sufocada, agora servirá como abrigo para inúmeras espécies de animais, além de prover nutrientes para todo o ciclo da floresta enquanto a figueira também mantém seus processos, em um ciclo onde podemos compreender que cada espécie ali presente na floresta possui sua importância especial!

Lianas da Mata Atlântica

Junto às árvores, é muito comum vermos lianas crescendo em seus troncos e copas. Talvez liana seja um nome novo para você, mas com certeza você conhece as plantas que são conhecidas popularmente como cipós, muito recorrentes e importantes na flora da Mata Atlântica.

Maracujá-do-Mato, também conhecido como Maracujá-de-Curitiba

Maracujá do mato

Família: Passifloraceae
Gênero:
Passiflora
Nome científico:
Passiflora actinia

Com certeza você conhece o maracujá, não é mesmo? Aquela trepadeira com uma flor incrivelmente única, e um fruto de coloração amarelada  que possui um sabor azedinho característico…

No mercado,  são vendidas somente duas espécies de maracujá. Mas acredite, só no Brasil há mais de 150 espécies nativas!

O maracujá-do-mato é umas das espécies que ocorre somente na Mata Atlântica, sendo endêmica —ou seja, só existe em uma região específica — das matas do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.

Essa espécie floresce normalmente no início da primavera, onde você fica impressionado com a beleza de suas flores que se destacam na floresta.

Quando floridas, você pode vê-las sendo polinizadas por insetos como abelhas, besouros e principalmente mamangabas, as quais possuem um papel essencial na reprodução dos maracujás. Já no verão e início de outono, você pode apreciar os frutos enquanto faz trilhas na natureza, os quais consistem “maracujás pequenininhos”.

Mas saiba, a Passiflora actínia é uma planta ameaçada de extinção, então nunca arranque suas belas flores para levar para casa, e quando comer seus frutos, jogue algumas sementes na terra fofa.

Japecanga

Japecanga

Família: Smilacaceae
Gênero:
Smilax
Nome científico:
Smilax japicanga

A japecanga é uma liana nativa da Mata Atlântica, porém mais especificamente das florestas semideciduais, ou seja, mais ao interior do continente. Seu nome japecanga vem do tupi guarani, que significa “fruto do cipó de casca seca”, pois, próximo a sua base, encontra-se uma casca protetora em seus caules.

Formando cipós de até 7 m, ela produz vários frutos pequenos comestíveis, os quais são uma grande fonte de alimento para alguns pássaros, mas que você também pode consumi-los.

Inclusive, falando em aves, elas tem importância fundamental na conservação, crescimento e manutenção da floresta. Só na mata-atlântica, estima-se que existam 900 espécies, onde 213 ameaçadas de extinção, reforçando ainda mais a necessidade de conhecer esses incríveis animais.

Voltando para a espécie, o chá feito com sua raiz é muito usado na medicina popular para tratar dor de estômago, bem como fraquezas no geral, sendo até mesmo vendido como erva medicinal.

Se pesquisarmos, vemos que a Mata Atlântica possui diversas espécies que nos beneficiam de alguma forma. Isso se deve a sua imensa biodiversidade, a qual reflete também em uma diversidade de formas de vida.

Sendo assim, continue com a gente para conhecer duas espécies de uma forma de vida que com certeza você verá muito em suas trilhas na natureza…

Epífitas da Mata Atlântica

Você sabia que a flora da Mata Atlântica possui uma das maiores quantidades e diversidade de epífitas do mundo?

Epífitas são plantas que vivem sobre plantas maiores, sem causar nenhum prejuízo à planta que a hospeda. Os principais exemplos são as orquídeas e bromélias, as quais ambas possuem várias espécies nativas e endêmicas da Mata Atlântica. Vamos ver um exemplo de cada?

Neoregelia

Só de bromélias, são mais de 800 espécies presentes na Mata Atlântica, as quais possuem papel essencial para a manutenção dos ecossistemas.

Família: Bromeliaceae
Gênero:
Neoregelia
Nome científico:
Neoregelia carolinae

Um grande exemplo de espécie nativa é a neoregelia, pois além de facilmente encontrada em matas conservadas, ela também é muito cultivada para fins ornamentais e paisagísticos, haja vista que sua beleza trás um ar tropical ao ambiente.

Além do valor estético, assim como todas as bromélias da Mata Atlântica ela também possuí um imenso valor ecológico, onde uma de suas funções é servir de reservatório de água e abrigo para reprodução de inúmeros animais (como anfíbios), sendo indispensáveis para a manutenção de muitas espécies.

Flores de Neoregelia carolinae crescendo em seu reservatório de água.

Lélia-púpura

Já orquídeas, são cerca de 1500 espécies que existem flora da Mata Atlântica! Elas servem de alimento para inúmeros polinizares, além de embelezar de forma única as matas.

Lélia púrpura

Família: Orquidaceae
Gênero:
Cattleya
Nome científico:
Cattleya purpurata

A lélia-púrpura é uma belíssima orquídea endêmica na Mata Atlântica, que pode ser encontrada nas matas do litoral Sul e Sudeste brasileiro. Porém, saiba que especificamente no Estado do Paraná dificilmente você irá encontrá-la.

Devido a sua beleza, ela é considerada uma flor símbolo de Santa Catarina, região onde é mais abundante devido às condições perfeitas para seu desenvolvimento: temperatura mais amena atrelada a umidade constante.

É uma espécie comumente cultivada em orquidários, sendo recomendado, caso você tenha interesse de adquirir a espécie, comprar em um.

Nunca retire uma epífita da natureza, pois todas possuem um papel essencial na ecologia local, além de que retirando-as você estará contribuindo para a ameaça da espécie — principalmente se estiver com flor, pois você impediria que o ciclo de reprodução ocorresse.

Sendo assim, caminhe mais pela nossa belíssima Mata Atlântica, onde você poderá apreciar essas orquídeas da forma mais bonita possível: em seu habitat natural!

Um universo natural!

Muito obrigado por ficar com a gente até aqui, agora você conhece um pouco mais sobre as diversas formas de vida que habitam a flora da Mata Atlântica (até porque é impossível colocar todas as espécies, visto que ainda existem várias que nem sequer foram descobertas) do nosso maravilhoso bioma!

Com isso, você entendeu um pouco mais sobre as arbóreas, lianas e epífitas, bem como suas importâncias econômicas e culturais. Com certeza, quando encontrar algumas das espécies aqui citadas, irá olhar para ela de uma forma diferente, com um sentimento de gratidão.

Afinal, as espécies da flora são incríveis e são células importantíssimas que formam a nossa natureza, onde na falta de alguma espécie, há um grande desequilíbrio com diversas consequências ambientais, o que também implica em consequências para outros seres, além da humanidade.

Dessa forma, esperamos que tenha gostado do artigo, fizemos com muito carinho para aflorar ainda mais o sentimento de amor pela natureza que existe dentro de você! Pois acreditamos muito que quando passamos a conhecer mais sobre cada espécie, também passamos a conservá-la com mais cuidado e responsabilidade.

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Autores: Tiago de Oliveira G. Teixeira e Gabriel de Brito Bello

2 comentários em “Flora da Mata Atlântica: 7 espécies que você precisa conhecer!”

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